Ao longo dos anos esqueci-me de mim mesma, da parte mais profunda de mim, para me transformar noutra pessoa, naquela pessoa que os meus pais esperavam que eu fosse. Pus de parte a minha personalidade para adquirir carácter. O carácter, terás forma de o sentir, é muito mais apreciado no mundo do que a personalidade. (…) Não penses que foi um processo natural pôr de parte a personalidade para fingir que tinha carácter. Algo no meu intimo continuava a revoltar-se, uma parte desejava continuar a ser eu própria, enquanto a outra, para ser amada, queria adaptar-se às exigências do mundo. Que dura batalha! (…) É essa a grande e terrível chantagem da educação, a que é quase impossível escapar. Nenhuma criança pode viver sem amor. É por isso que se adapta ao modelo exigido, embora não lhe agrade, embora não o ache justo.
Sabes o erro que cometemos sempre? Acreditar que a vida é imutável, que, mal escolhemos um carril, temos de o seguir até ao fim. Contudo, o destino tem muito mais imaginação do que nós. Precisamente quando se pensa que se está num beco sem saída, quando se atinge o cúmulo do desespero, com a velocidade de uma rajada de vento tudo muda, tudo se transforma, e de um momento para o outro damos por nós a viver uma nova vida.
Sempre que, à medida que fores crescendo, tiveres vontade de converter as coisas erradas em coisas certas, lembra-te de que a primeira revolução a fazer é dentro de nós próprios, a primeira e a mais importante. Lutar por uma ideia sem se ter uma ideia de si próprio é uma das coisas mais perigosas que se pode fazer.
Quando te sentires perdida, confusa, pensa nas árvores. Lembra-te da forma como crescem. Lembra-te de que uma árvore com muita ramagem e poucas raízes é derrubada à primeira rajada de vento, e que a linfa custa a correr numa árvore com muitas raízes e pouca ramagem. As raízes e os ramos devem crescer de igual modo, deves estar nas coisas e estar sobre as coisas, só assim poderás dar sombra e abrigo, só assim, na estação apropriada, poderás cobrir-te de flores e de frutos.
E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar.
"Vai Aonde Te Leva o Coração" de Susanna Tamaro, um livro surpreendentemente emocionante, uma grande lição de vida. Um livro pequeno mas grandioso no seu conteúdo. Para ler, reler e voltar a reler...Simplesmente adorei....
E acabou...
Precisamente dois meses depois, estou neste comboio, rumo a casa, para não mais voltar.
Tenho o coração apertado, a tristeza acolhe-me a alma e as lágrimas caem lentamente.
No coração deixo guardado cada sorriso, cada olhar, cada palavra, cada momento vivido com eles, com os meus meninos. Isso não me podem tirar...
Sinto-me “não profissional” por sentir todas estas emoções, todo este mar de sentimento. Era meu dever saber lidar com eles e, principalmente, era meu dever não me apegar aos meus miúdos, não deixar passar para o lado pessoal, manter sempre aquela distância, manter somente uma relação terapêutica. Mas não consegui e agora custa-me. É uma quebra enorme que ocorre pois convivi com eles durante dois meses, fiz tudo em prol deles, segui em frente com eles, vibrei por eles, “vivi” para eles e, de repente, de um dia para o outro, deixo de os ver, de estar com eles, e isso, para quem não criou apenas aquela relação terapêutica, mas também ganhou afecto, carinho por eles, custa, custa muito...
Penso que a receita para não sofrer com estas perdas é mesmo a experiência que se vai ganhando ao longo do nosso percurso profissional. É verdade que o meu feitio também não facilita muito esta suposta “maturação”, pois quando me apego, apego mesmo, quando gosto, gosto mesmo. Mas sei que com o tempo vou-me habituar, será a minha rotina, não é verdade? Eles vêm, e vão!
Mas estes meninos, deste estágio, serão sempre especiais, sempre...marcaram-me imenso, cada um da sua forma, e serão sempre lembrados com muito carinho, com muita saudade e, principalmente, com um sorriso nos lábios.
Um beijo do tamanho do mundo para cada um deles*
Patrícia Santos
27/04/07
A Maldade Humana
Não há no mundo Ser mais ruim
Que o Ser Humano
Inicia guerras sem fim
Obedece aquele que é Tirano.
É senhor do universo
Tem nas suas mãos o mundo
Mas bem lá no fundo
Sua alma é mais pequena que este verso.
Tem o poder de construir
E fá-lo à custa do semelhante
Maior é a sua capacidade de destruir
E age como se não fosse um Ser errante.
Ser materialista
Ser vingativo
Tudo é conquista
Tudo é motivo.
Define a Luxúria como habitação.
Como prato principal elege a Ambição
E o pecado da Avareza
É a sua escolha para a sobremesa.
Provoca a guerra terminando com a paz
E sem pensar nas consequências
Fá-lo de um modo voraz
Sem medo de represálias e não ouvindo advertências.
É triste observar
É triste presenciar
Esta coisa que é mundana…
A maldade humana.
Patrícia Santos
24/03/07
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